Nunca fui muito adepta de fenômenos de massa, à exceção do futebol, do Maraca e do Mengão, é claro ;-)
Mas vivendo e aprendendo a abrir os horizontes, tento manter-me hoje alerta quando em mim percebo preferências ou objeções muito "convictas", rs.
Foi assim quando me indicaram a leitura de A Cabana, um fenômeno recente no campo literário. Houve debate sobre o livro na igreja em que congrego, mas como ando sem tempo e se tratava de um best-seller da era panfletária de internet, com direito a site e tudo mais, não me animei, posterguei e por fim esqueci.
Mas um dia, no saguão do aeroporto, um pequeno desencontro no horário e um trident de hortelã me renderam a vista do livro na banca... resolvi comprá-lo e começar a folhear, enquanto pedia uma bebida pra passar o tempo.
Lembrei hoje de dizer: leiam!
Não, não é nem de longe uma obra-prima literária, um dos melhores livros que li na vida... seria um absurdo dizê-lo. Mas é apenas por um aspecto muito marcante do texto, que considero essencial para uma vida ao mesmo tempo mais sólida e livre: desconstrução!
Como assim mais sólida e mais livre? Mais rígida e fluida? Pirou? Sim, sempre fui, não tinha notado? Mas, tudo bem, nesse caso eu até me explico.
O ser humano tem medo de ser questionado. Quem nunca viu alunos aborrecidos com professores que quase se descontrolam pelo pânico às perguntas capciosas em sala? Se for branquinho, então, começam a subir aquelas placas vermelhas pelo pescoço (eu tive uma assim, rs).
Nosso medo é maior ainda quando a alfinetada da dúvida vem de dentro e ameaça abalar convicções. Queremos chão a todo o tempo, ou parece que a casa vai desmoronar. Mas afinal, por que o medo de conviver com perguntas continuamente?
Se você acredita que haja verdades a serem buscadas, desocupe-se de construir certezas em torno delas... se são verdades, não perca o seu sono, elas sobreviverão a qualquer tranco. Concentre-se no caminho, não antecipe a chegada.
É saudável questionar, é saudável duvidar... doentio é erguer fortalezas em torno de castelos de areia. Uma edificação vale o tanto que é capaz de resistir a vento, tempestade, terremoto etc. Só pode ser aprovado aquilo que se põe a teste.
Alguns lerão isso aqui e terão o prazer imediato de rotular: herege! [rsrs] Sugere que questionemos tudo, até Deus? Eu nem responderia, faria apenas outras perguntas: por que, sua existência e propósito seriam abalados com isso? Bem, nesse caso... E o que está em questão? Deus ou o que pensamos sobre Ele?
Lembra do ditado “quem tem boca vai a Roma”?** Pois bem, quem passa peregrino, indagando, é porque está na busca e não se acomoda enquanto não achar o que procura. Quem sabe perguntar tem mais chances de encontrar. E se acredita ter chegado, não fará mal algum desconfiar de vez em quando só para ver se não é hora de andar mais um pouco.
Voltando a A Cabana, aí vai a dica: disponha-se a virar um pouco do avesso. É uma viagem, talvez dê um tantinho de náuseas, mas valerá a pena. Nem que seja só para despertar o hábito de “buscar outros ângulos”.
Não se preocupe em “proteger” verdades, elas não precisam assim de você, vivem por si próprias.
Vale muito mais o martírio humilde e vitorioso de uma verdade golpeada do que o domínio cego e soberbo de uma mentira intocada.
**Só de curiosidade. Dizem haver outra versão do ditado, mas ainda não consegui me convencer da origem de "quem tem boca VAIA Roma".
Saindo da inércia
Há 7 anos

Tita,
ResponderExcluirEstás fértil de idéias e palavras.
Chegou em boa hora este blog.
à propósito do livro também estive como voce. Ouvindo mil comentários e sempre o imperativo: ' voce tem que ler".
Mas, vindo de vc, é bom obedecer.
Farei isso.
bj, linda
Stella
Oi, linda. Surpresa boa ter vc aqui. Sempre vou lá acompanhar o seu tb. Vamos trocando. Ah, adicionei vc de novo no twitter, rolo na conta antiga. Depois falo. Beijos
ResponderExcluirÊ, mas que prazer... delicioso... como diz o ditado: quem é vivo nunca morre, né? kkkk
ResponderExcluirRapaz, que saudade de vcs. Venha sempre, mano. Privilégio ter vc por aqui. Caramba... sorri de orelha à orelha ao ver teu recado. Beijos...