quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E quando não for sorriso?

Estou aqui lembrando de um exercício que fizemos com toda a congregação no último culto de ações de graça...

Fomos desafiados a agradecer a Deus por quem Ele é, não pelo que Ele faz. O sentido era buscarmos a essência, para enxergarmos que tudo aquilo que Deus faz deriva dos atributos do seu caráter. Tínhamos que refletir pelo que éramos mais gratos a Deus, mas dissociar de conquistas, pessoas, bens materiais, saúde, família, sucesso etc...

Foi complicado! Estamos acostumados a elevar pensamentos de gratidão - se é que estamos -, mas, na maioria das vezes, fazemos isso em agradecimento por questões pontuais. Parêntesis: não há absolutamente nada de errado em voltar ao Pai os olhos quando recebemos certas dádivas e louvá-lo por reconhecer as suas mãos agindo, Ele certamente se agrada disso. O problema é que, se vinculamos sempre a gratidão ao que ganhamos ou estamos sentindo ou mesmo às coisas boas que se mantêm nas nossas vidas, resta a pergunta: e quando a vida trouxer o reverso do que planejávamos, e quando os sentimentos forem ruins, e quando perdermos o que consideramos tão precioso? Para onde vai a gratidão? E sem gratidão, como fica nosso olhar sobre o mover de Deus? Como fica a nossa confiança e entrega? Como podemos nos relacionar com o Pai?

Pode passar despercebido quase sempre, mas o exercício proposto naquela ocasião é capaz de tornar mais efetiva uma certa colocação que aprendemos a usar muitas vezes no fim das nossas orações, retirada do ensinamento da oração de Jesus, o "Pai Nosso": que seja feita a tua vontade! Inúmeras vezes me flagrei dizendo isso da boca para fora, tal qual respondemos "tudo" a quem nos pergunta "e aí, tudo bem?" enquanto o mundo desaba à nossa volta. "Faça-se a tua vontade, não a minha" parece, assim, requisito formal do diálogo com Deus, quase como o "atenciosamente" ao fim de mensagens em contextos que exigem a etiqueta social.

Desde então, tenho pensado sobre o assunto ao conversar com Deus.

Minha primeira prática foi tentar iniciar (ou, ao menos, não esquecer) de agradecê-lo por seu amor incondicional, por sua fidelidade por mim imerecida, por sua misericória infinita, por sua bondade e sua generosidade incompreensíveis, por sua presença, sua presença, sua imutável presença. E então agradecer por fatos que alegraram o meu coração, mas, fixando os olhos no seus atributos, desafiar-me a confessar meus temores para que sejam tratados ali, em comunhão, de modo que o desejo pela vontade do Pai seja real no coração, seja descanso e seja gratidão desapegada.

Quando realmente isso acontece, sinto o foco mantido no alvo certo, em Deus, não nas bênçãos, sinto-me leve, os medos se dissolvem, sinto-me corajosa, sinto-me como um bebê no colo do Pai.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Do que a gente só parece perder, para então saber encontrar...

O lugar onde sempre quero estar é feito de pessoas. Não de tijolos, mas tesouros, cunhados de afetos, memórias e companheirismo para toda a vida. O meu lugar é ligada àqueles que amo - sem subjuntivo. Àqueles que moram no mais íntimo, esteja eu onde estiver.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O que tem sentido...

Sentido é mistério... não é só razão, porque não vem de cálculo e pura lógica, não é só sentimento, porque tem direção. Sentido é algo que se sabe, por saber, ainda que não se possa dizer por completo.

Você trouxe para mim sentido. É novo, desconhecido, mas se revela sentido e já vive aqui.

Você é chegada, rima com caminho, alegria de amadurecer com o que se traz e aprender com o que nasce. É vida, pulsa, é bem querer, e faz tão bem.

"Vieste na hora exata
Com ares de festa e luas de prata
Vieste com encantos, vieste
Com beijos silvestres colhidos prá mim
Vieste com a natureza
Com as mãos camponesas plantadas em mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim
Meu amor
Vieste a hora e a tempo
Soltando meus barcos e velas ao vento
Vieste me dando alento
Me olhando por dentro, velando por mim
Vieste de olhos fechados num dia marcado
Sagrado prá mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim
Meu amor"

Ivan Lins

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Here comes the sun...

Bom é querer estar perto por saber-se junto. Saudade gostosa que muda tudo... centímetros são quilômetros... ontem, faz um segundo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O dedo estalou, a página virou, o tempo mudou... foram estações e somos verão, outono, inverno, primavera. Algo chegou, partiu... e há tanto a lembrar, ouvir, dizer, sonhar, construir, trabalhar... e mãos dadas, sim, sempre melhor. Tudo vem do alto, do cuidado generoso do Pai, para onde quero dirigir hoje o meu olhar, infinitamente grata!
O mistério desse amor, que é integralmente justo e integralmente acolhedor, escapa-me em absoluto, mas sei que é com ele que me encontro ao chorar de alegria! Assim mesmo, estranho... rs.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Das cabeçadas nossas de cada dia

Coração e razão comportam-se, às vezes, como motorista teimoso e GPS.

A voz do navegador diz: vire à direita; o sujeito, confiante de que já achou o caminho, vira à esquerda. Aí o GPS avisa: aguarde um instante, recalculando rota... e dá novas coordenadas, todas igualmente desconsideradas pelo sábio condutor.

A cena se repete.

Dependendo do "talento" do sujeito, chega-se então ao inusitado. O navegador desiste e manda essa: "é impossível calcular o seu trajeto". E sai do ar.

Nessas horas, só resta torcer para que, de fato, o coração tenha acertado o caminho - sozinho e em cheio. As chances, porém, hummmm....

Fazer o quê? É tudo questão de equilíbrio, afinal, GPS por si só não se move, não deseja, nem escolhe destino algum.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Pensando em vocês...

Para alguns, a vida transcorreu por altos e baixos, para outros, já sangrou bastante. Apenas é assim, não há o que explicar: experiências compartilham-se, mas não se enxertam.

sábado, 26 de março de 2011

Não existes!

Não existes!

Não que sejas único,
és o que não há:

o pecado mais sagrado.

O sabor predileto
nunca ao fim provado.

O medo mais acolhedor,
a distância mais presente,
a certeza mais duvidosa.

O silêncio que ensurdece,
o olhar que cega.

A pele que é cheiro,
O cheiro que é tato,
O tato que é sopro
E percorre inteiro o corpo -
Frescor de fogo,
Prazer exato!

Sonho-te, moves-me.
Torna-te
E logo já não és.
Defino-te, dilui-me,
Rendo-me, escorres.

Quisera fosses vento,
definitivamente não existes!

E nada existe mais que a tua existência em mim...

Não sei de onde vens, desconheço para onde vais.
És meu maior, melhor e mais antigo mistério.
E assim vives:
Mito desejo indecifrável!

terça-feira, 22 de março de 2011

Reminiscências...

Quando era criança tinha um sonho bem estranho, a começar por sua frequência. Não era de ter sonhos repetidos, esse era um dos poucos, bem poucos.

Eis a cena que volta e meia visitava meu sono: arrumava-me para ir à escola, que era na descida da rua de casa. Curioso que nunca recordei dos momentos exatos que precediam a saída. No meio da calçada, já chegando ao colégio, começava a observar certos olhares diferentes e, ao olhar para mim mesma, percebia assustada que estava com apenas parte das roupas. Queria correr e voltar para casa, mas congelava e não saía do lugar.

Certa vez recordei o tal sonho e me debrucei sobre o que significava. Acreditem, ele dizia bem mais sobre mim do que se possa imaginar por simples linhas.

Já havia esquecido, no entanto, mas algo acaba de me trazer estalada a lembrança. E deu até calafrio.

Avisos de emergência, saída pela direita, espero não congelar mais.

terça-feira, 15 de março de 2011

Sonhos, bem mais que planos

Uma expressão lida hoje puxou aqui um fio ainda sem fim.

Falava-se de saudade e eis que surgiu uma remissão nostálgica ao "tempo da inocência". Comentei que sentia saudade de todos os bons tempos, mas realmente o da leveza da infância era marcante.

Então meu pensamento pegou carona e perdeu a hora de voltar: de que eu mais sinto falta desse tempo?

Não deve ser da inocência em si, porque crescer também é dádiva e hoje aprecio viver ao máximo cada idade.

Logo estalou na mente: "dos sonhos", de seu "tudo possível" universo.

E, não mais que num piscar de olhos, flagrei-me questionando quando foi que deixei de melhor sonhar para muito e muito planejar...

Sim, porque sonhos não são planos, apesar de viverem por aí como sinônimos.

São como dois substantivos apaixonados - podem ter uma sintonia quase perfeita, mas continuam sendo bem diferentes, duas essências distintas.

Planos podem até nascer de alguns sonhos, mas estes são infinitamente mais generosos.

Planos envolvem metas e estratégias, podem ou não incluir ousadia, mas sempre dentro de algum grau de viabilidade, expectativa.

Já os sonhos.. hm... os sonhos!

Caminham no infinito de trivial a absurdo sem qualquer traçado claro de rota.

Planos nos debruçam sobre o que já notamos ou vislumbramos. Sonhos nos conduzem até para o ainda insuspeito, podem ser, por vezes, pura névoa, transcendem os contornos da realidade que cerca e delimita.

Dos planos, se formos bons nisso, eliminamos o imponderável, ou é sinal de que foram mal traçados. Investimos e acreditamos no alvo escolhido e nas etapas projetadas; e temos, sim, visões, mas um tanto contidas pelo pé no chão.

Só nos sonhos temos a liberdade plena de cultivar o impossível aos olhos presentes, lado a lado com o já experimentado, percebido ao alcance de um dedo, um passo, uma nuvem ou um raio. Neles, a regra é não ter regra, e viajamos alto e profundo, as idéias e os desejos dançam num baile de todos os ritmos sem qualquer estranhamento.

Nascidos que sejam de memórias, contingências da vida, os sonhos fluem, inundam, rompem barreiras, levam-nos para lugares insondáveis. É sempre bem-vinda a surpresa, toda e qualquer curva que nos deslumbre ou mesmo amedronte com o que há após a esquina.

Nos sonhos, somos, sentimos; nos planos, pensamos, entendemos.

O que de mais belo existe na infância é o passaporte livre ao mundo dos sonhos. E achamos lindas as tresloucadas histórias e ilusões contadas pelos pequenos.

Não se pode viver apenas de sonhos, a maturidade nos traz esse passado-aprendizado, por isso dizemos que o tempo da inocência se foi. Planos nos movem concretamente, são essenciais a uma vida de boas colheitas!!!

É estéril, porém, viver tão somente deles, pois que vantagem há em acreditar no bastante provável? Depositar a esperança apenas naquilo que passou pelo mero cálculo do esforço e das probabilidades humanas?

Do que eu sinto mais falta?

Com todo respeito a uma música que amo: dos sonhos, não dos planos, é que tenho mais saudade.

Vida longa às boas marcas do tempo da inocência em nós!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Só uma lista...

Acreditar
Aquietar
Silenciar
Ouvir

Sonhar
Mover-se
Lutar

Celebrar
Agradecer

Cantar
Sorrir
Contemplar

Partilhar
Confiar
Doar e saber receber

Pensar
Repensar
Cair
Levantar

Reconhecer os erros
Aceitar o perdão
Perdoar-se
Perdoar

É preciso ser inteiro
É preciso guardar a ternura
É preciso amar, sempre!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Presentes

Esperança não é a última que morre, é a primeira que se mantém. Pandora, nós fechamos a caixa!!!

Tanto e tanto mudou. É tempo de olhar por dentro e, em liberdade, escolher e construir.

Há direção, temos direção, hora de confiar e seguir.